segunda-feira, 30 de maio de 2005

Recordações

Acho que sempre fui um noctívago. Quando era pequenino, detestava quando os meus pais me obrigavam a ir para cama cedo. Discutia quase sempre com eles...e perdia essa discussão. Mas, a meio caminho do meu quarto, eu parava sempre, voltava-me para trás e dizia, “vocês podem obrigar-me a ir para a cama, mas não podem obrigar-me a dormir, ha, ha, ha!!!” Esta seria uma óptima afirmação se o meu pai não fosse anestesista no Hospital São José. Uma pequena dose de pentanol de sódio e eu adormecia que nem uma pedra. A minha mãe aparecia no quarto umas horas mais tarde para me aconchegar e também para verificar se estava tudo bem com o tubo do soro e para controlar o meu ritmo cardíaco no monitor ao lado da cama. Éramos tão felizes...só de pensar nisso, dá-me vontade de verter uma lágrima...pronto, já está...verti uma lágrima...bolas...
Abraços.

terça-feira, 24 de maio de 2005

Como terminar uma amizade

Hoje de manhã acordei um bocadinho aborrecido, e para me animar, liguei a televisão na TVI. O que eu vi foi chocante. O sr. Goucha estava praticamente em lágrimas a contar a história de dois amigos que tinham perdido contacto entre si, e que passados 20 anos a TVI tinha conseguido juntá-los novamente. Esta experiência televisiva traumatizante fez-me pensar acerca deste tipo de programas, o tipo “Ponto de Encontro”(e por falar em “Ponto de Encontro”, onde anda o Henrique Mendes? comunicadores deste calibre fazem falta à TV portuguesa...). Este tipo de programas são feitos sob a premissa que existem montes de pessoas por aí com as quais perdemos contacto e que estamos desejosos de reencontrar. Isto é uma mentira, porque se gostamos mesmo dessa pessoa, não perdemos o contacto com ela. O que se passa é que não existem desculpas que sejam suficiente boas no caso de querermos terminar uma amizade. Se andarmos a copular com alguém, aí sim, existem centenas de desculpas que podemos dar. O clássico, “João, eu estive apaixonado por ti mas nunca te amei”, ou “O teu instrumento do amor é pequeno de mais e ás vezes chamas pela tua mãe quando estamos a fazer o amor”. Todos nós já ouvimos isto. Mas quando queremos terminar uma amizade como é que fazemos? Escrevemos uma carta? “Caro Rafael, vivemos bons momentos juntos. Sim, é verdade, ambos gostávamos de Sagres e preferíamos a “Praça da Alegria” em detrimento do “Você na TV”. Mas isso já não é suficiente. Tu mudaste Rafael e eu também. Crescemos, evoluímos e afastámo-nos. Eu comecei a ver o “SIC 10 Horas” mas tu continuaste a preferir o Jorge Gabriel e dizias que o Donald que apresenta a rubrica da árvore das patacas não é verdadeiro mas sim um boneco que tem a mão de um ventríloquo enfiada no seu traseiro e é ele que o faz falar. Eu perdoei-te por isso, mas depois começaste a beber Super Bock. Porquê Rafael? Tu viste-me com outros amigos, foi uma loucura eu sei, mas Rafael, eu precisava de espaço, precisava de tempo para pensar, precisava de tempo para estar sozinho com outros amigos que não tu. Adeus Rafael. Espero sinceramente que possamos continuar a ser conhecidos.” É isto que acontece.
Abraços.

segunda-feira, 23 de maio de 2005

"Porque é que o céu é azul?"

Uma vez, tinha eu, sei lá, dez, onze anos, fiz a seguinte pergunta ao meu pai, “Porque é que o céu é azul?”. Uma pergunta perfeitamente razoável para um pequeno cientista de dez anos de idade. Mas o meu pai não estava para aí virado e respondeu-me de uma forma iluminada, “Vai perguntar à tua mãe”. E nesse instante eu pensei, “Oba, com mil raios, ela deve saber!”. Virei costas ao meu pai e pus-me a caminho da cozinha, sabendo que estava a um pequeno passo de saber a resposta à minha pergunta. À medida que avançava destemido, sentia a emoção do Método Cientifico a percorrer todas as veias do meu corpo. No final de contas, eu estava a seguir as pisadas de nomes como Galileu e Isaac Newton. E até um certo ponto, eu tinha razão, eu estava de facto a um pequeno passo de obter uma resposta. Não A resposta, mas UMA resposta. E lá estava ela. Impávida e serena de ferro na mão a olhar para mim. Eu respirei fundo, ganhei coragem e disse, “Mãe, porque é que o céu é azul?”. Nunca mais me vou esquecer da resposta. A minha demanda tinha chegado ao fim. Ela disse simplesmente, “Porque sim...”. Primeiro pasmei de espanto, mais tarde aprendi a não confiar nela em assuntos que tenham a ver com a ciência...
Abraços.

quinta-feira, 5 de maio de 2005

Um ladrão com bom gosto...!

Gostaria de falar um pouco acerca de roubos, isto porque eu vivo numa zona um pouco ruim e tenho tido alguns problemas ao nível do assalto, já tendo sido mesmo assaltado três vezes desde que me mudei para lá. Eu até nem me importo que me levem algumas coisas porque tenho um bom seguro, mas há certas coisas que me deixam aborrecido. Vou dar um exemplo: roubaram a minha colecção de CDs mas não levaram todos os CDs, só os bons...não acham que isto é tornar as coisas um bocado pessoais? Não só me estão a roubar, como também me estão a dizer, “epá, tens um péssimo gosto musical...metade dos teus CDs são cocó”. A parte triste é que eu concordo...e concordo porque eu tenho o péssimo hábito de fazer aquela coisa triste que é ouvir uma canção na rádio e dizer, “epá, aposto que aquele CD é muito bom...!”E depois vou comprá-lo e é cocó...e a única canção minimamente boa é aquela que ouvi na rádio e gostei. Mas admitir isto é impossível porque ninguém quer admitir que gastou 20 euros em caca por isso fazemos um esforço muito grande para gostar do CD e ouvimos e ouvimos e ouvimos, vezes sem conta, até os nossos ouvidos sangrarem, ao ponto de ler as notas que vêm no livrinho – “oh...o Tony Carreira participou nesta música...” E no entanto, continuas a ouvir uma vozinha lá bem no fundo da tua cabeça a dizer, “desperdiçaste o teu dinheiro, isto é cocó!”. Mas nós ignoramos esta voz e colocamos o CD junto dos outros da nossa colecção em vez de o pormos no lixo onde devia estar. Mas o “meu” ladrão não teve este tipo de problemas, apenas ficou ali a dizer, “este é cocó, este é cocó, este é cocó, este é bom.” Mas nós mesmo assim preferimos iludir-nos em vez de admitir que desperdiçámos o nosso dinheiro. É como se comprássemos um bilhete para os U2, e lá estamos nós em pleno Alvalade XXI, na fila 152 por detrás do placard electrónico e a pensar, “wow, que atmosfera electrizante! Sintam o vazio da minha conta bancária! Quase que consigo ver o Bono! Ou então é só a fila para a casa de banho...mas voltando à história do ladrão e dos CDs, eu encarei aquilo como uma lição de vida. Vendi os CDs que ele não me levou, adquiri uma colecçõ de CDs novinha em folha, e desta vez, assegurei-me que todos eles eram clássicos antes de os comprar e sabem que mais? Voltei a ser assaltado e desta vez o ladrão levou-me a colecção completa! E desta vez, ele não levou só os CDs, roubou-me tudo o que tinha em casa...tudo excepto os cortinados da sala que foram uma prenda da minha tia que vive no campo...e aí, até eu tenho que concordar com ele porque os cortinados são horríveis...mas pelo lado positivo, o meu amigo ladrão antes de ir embora ainda teve tempo de me deixar um catálogo do IKEA com algumas sugestões de decoração, o que eu achei extremamente simpático da parte dele.
Abraços.

terça-feira, 3 de maio de 2005

Fazer o amor pela primeira vez...

Apesar de hoje ser licenciado na arte de fazer o amor, perder a virgindade foi uma experiência um pouco traumática para mim. Eu era tão ingénuo a semana passada...Tudo o que sabia sobre sexo, tinha aprendido consultando revistas com conteúdos considerados por alguns sectores da sociedade como sendo indecentes. Por isso, assim que eu concluí a minha primeira relação sexual, fiz aquilo que eu fazia com as minhas revistas, enfiei a mulher dentro de um saco de plástico e escondi-a debaixo da cama.Uma semana depois, emprestei-a ao meu melhor amigo.
Abraços.

segunda-feira, 2 de maio de 2005

Portugal Telecom

A Portugal Telecom deixa-me apoquentado. Porquê? Porque quando eles eram a única rede fixa e detinham o monopólio, estavam-se a borrifar para os seus clientes, e agora que têm um bocadinho de concorrência, quase que nos lambem os pés, tal não é a quantidade de descontos e serviços extra que nos oferecem. É quase como se estivéssemos numa ilha deserta e nessa ilha só estivéssemos nós e uma mulher muito anti-estética e peluda. É uma espécie de Pomba Gira mas é tudo o que temos ao nosso dispôr. E ela sabe disso, por isso deixa-nos fazer o amor com ela, mas nunca se lava. Porque sabe que não precisa de se esforçar. E isto dura durante anos. Mas eis senão quando, num belo dia, dá-se outro naufrágio e dão à costa três prostitutas Filipinas. Ah...e as coisas bonitas que estas jovens sabem fazer...chamadas locais gratuitas ao Domingo, descontos para a rede móvel, instalação grátis do equipamento...e também engolem. Como já se devem ter apercebido, a velhinha e peluda PT começou a ficar preocupada e de um dia para o outro começou a fazer o buço, a pôr um bocadinho de gloss e basicamente a esforçar-se um pouco. “Volta para mim”, disse-me ela, “eu deixo-te fazer o amor com a minha tia Sapo ADSL...”.
Abraços.