sábado, 4 de dezembro de 2004

Alarme!

Pergunta: nunca vos aconteceu estarem num local público recheado de gente por todos os lados e de repente, sem ninguém estar à espera, começar a tocar o alarme de emergência? Esta situação algo caricata, ocorreu-me recentemente e gostaria de a partilhar com todas as 3 pessoas e meia que se dão ao trabalho de lerem isto, sim mãe, pai, tio Adelino e José Figueiras, este agradecimento é para vocês. O que se passou em concreto foi o seguinte: como habitualmente, eu estava na faculdade com a minha turma que é composta por cerca de 20 pessoas, 18 das quais são mulheres, isto porque eu estudo na ESE, Escola Superior de Educação de Lisboa, e que, como toda a gente sabe, é uma escola que tem como população base, 97% de mulheres, e no tal momento em questão, eu estava a ter uma aula interessantísima de Linguística Inglesa. A meio dessa aula fabulosa, aliás, sublime, o alarme de emergência da faculdade começou a tocar como se não houvesse amanhã, e é geralmente isso que um alarme de emergência nos tenta transmitir, que se não nos formos embora dali rapidamente, poderá de facto não haver um amanhã. O que é que aconteceu a seguir, perguntam vocês os quatro e meio? ( o Noddy juntou-se a nós). A turma levantou-se a pedido da professora e saímos ordeiramente para o exterior do edifício? Não, claro que não. A aula prosseguiu como se nada de mais tivesse acontecido. É claro que se tivessemos nos EUA, o senhor Michael Moore já estaria a fazer um documentário sobre o sucedido, e esse documentário já estaria a causar alarido mesmo antes que a revista "Noticías Choque" soubesse o que se tinha passado, mas como nós vivemos na ex-Santanalândia...Na ex-Santanalândia, os professores leccionam no meio de chamas e labaredas de dois metros de altura, e se alguém tem a brilhante ousadia de dizer "desculpe interromper a aula professora, mas o menino Carlos está a arder", de certeza absoluta, e isto já me aconteceu, não com o Carlos mas com o André, que me vão responder logo "esteja caladinho e não me interrompa a aula...o Carlos é um menino problemático que vive nas barracas, cheira mal, tem necessidades educativas especiais e gosta de chamar a atenção das outras pessoas, por isso deixe-o estar que é para ver se ele aprende", e depois morremos todos carbonizados e aparecemos no Jornal Nacional da TVI. Epá, morrer carbonizado, até porque o cheiro é um bocadinho desagradavel e tal, ficar com a pele um tudo ou nada crocante e estaladiça, qual batata Matutano Ruffle e servir de prato principal de uma qualquer churrasqueira, ficar com uma ligeira irritação nos olhos, ainda vá lá, mas aparecer no Jornal Nacional da TVI?!! Há limites para tudo! Ah, e caso as mulheres presentes no incêndio fossem informadas que a equipa da TVI vinha a caminho enquanto continuavam a tostar um dos braços (pessoalmente prefiro carne bem passada), uma delas ainda teria tempo para dizer " ai amiga, nem te conto, nem te digo, não estou mesmo em condições de aparecer na TV neste estado...não queres dar um pulo com a perna que te resta, até ao WC para pormos um pouco de base, falarmos sobre os traseiros dos bombeiros que nos estão a tentar salvar, ai tão bons e firmes que eles são, e sei lá, discutirmos a nossa próxima ida á Parfois?". E todo este discurso é feito a gritar! Porquê?
Abraços.

Sem comentários: