"Soltem a indemnização!"

Uma decisão judicial histórica e que já está a ter enormes ramificações na televisão portuguesa, condenou na sexta-feira passada a Freemantle Media, produtora do programa “Salve-se quem puder” da SIC, a devolver ao senhor Mário Silva de Santa Maria da Feira, 75 minutos da sua vida, o equivalente a uma emissão do referido programa. Segundo alguns familiares próximos, o Sr. Silva, aproveitando o facto de estar sozinho em casa porque a mulher tinha ido passar uma semana com os filhos ao Parque de Campismo da Costa da Caparica, terá sido tentado a ver o “Salve-se quem puder” depois de ver uma promoção em que a Diana Chaves aparecia em minissaia e saltos altos da Seaside, gesticulando com um Marco Horácio mascarado de pacote de leite meio-gordo da Agros. “Apenas posso dizer que o meu cliente está moderadamente satisfeito com esta sentença”, afirmou o advogado do Sr. Silva à porta do Campus Judicial do Parque das Nações. O mesmo advogado acrescentou logo de seguida “penso que chegou a altura dos Directores de Programas das televisões portuguesas pararem de roubar indiscriminadamente horas das vidas das pessoas. A partir de agora terão de sofrer as consequências. Uma coisa é ver um programa de 75 minutos onde a Diana Chaves aparece de minissaia mas caladinha, outra coisa completamente diferente é ter de estar 75 minutos a ouvi-la falar ao mesmo tempo que indivíduos vestidos com fatos cinzentos justos e um capacete de BMX na cabeça levam com paredes de esferovite.” Inicialmente, Mário Silva terá pedido 14 horas da sua vida de volta, porque segundo o próprio “parece que o sofrimento nunca mais acabava”, mas depois de consultar o seu advogado, terá decidido ficar-se pela duração real do programa. Esta sentença teve repercussões imediatas na TVI onde se diz que 764 telespectadores muito velhinhos já terão pedido indemnizações similares por terem sido obrigados a gastar parte substancial da reforma na renovação dos aparelhos auditivos devido aos grunhidos libertados pela Júlia Pinheiro durante as emissões das “Tardes da Júlia.”

Abraços.