terça-feira, 2 de maio de 2006

"Bem...tu nem sabes o que perdeste!"

Gostava de falar sobre uma situação clássica, pela qual já todos passámos. Sempre que vamos a uma festa com amigos e por qualquer razão temos que ir embora mais cedo, é tão certo como o destino, expressão que muito me apraz, que no dia seguinte, vamos receber um telefonema, uma mensagem, ou vamos encontrar-nos com alguém que ficou nessa mesma festa até ao fim, e que nos vai dizer a frase clássica, “Bem...” Todas as frases clássicas começam pela palavra “bem”, “Bem...fizeste mesmo muito mal em ter ido embora mais cedo...nem sabes o que perdeste...é que tu nem sabes o que perdeste...é que nem te passa pela cabeça o que perdeste...é que tu nem...” Esta frase é repetida várias vezes e dita cada vez com mais ênfase, de modo a que não restem dúvidas de que iremos mesmo ficar a saber o que perdemos. Quando a outra pessoa acaba de repetir a frase pela 46ª vez, é chegada a hora de nós, no papel de indivíduos extremamente ignorantes em relação ao teor dos acontecimentos da festa, fazermos a pergunta, também ela clássica, “O que é que eu perdi assim de tão importante, hum?” Este último “hum” é de extrema importância pois é revelador do nosso nível de curiosidade. É por volta desta altura, que a pessoa que nos está a relatar os factos responde, “Bem...é que nem te passa pela cabeça, o que aconteceu depois de teres ido embora...” A frase é mais uma vez repetida para verificar se estamos atentos. “10 minutos depois de teres ido embora...” É sempre 10 minutos depois de termos ido embora, que toda a diversão e acontecimentos bombásticos decidem acontecer. Não é 5 minutos depois de termos ido embora, não é 15 minutos depois de termos ido embora, não é sequer 16 minutos e 38 segundos depois de termos ido embora. Não, é sempre 10 minutos depois de termos ido embora. “Bem...10 minutos depois de teres ido embora, a Soraia Chaves, a Merche Romero, a Isabel Figueira, a Odete Santos e o Marco Paulo, apareceram na festa envergando apenas um peça de vestuário muito, muito pequenina, e fizeram o amor anal com toda a gente que lá estava...sim...até com o gordo badocha de óculos, cheio de borbulhas infectadas e com pús a jorrar pela cara, que não parava de comer Doritos com mayonaisse. Bem...foi mesmo uma daquelas coisas que só acontecem uma vez na vida!” E é aqui meus amigos, é precisamente nesta altura que eu me apercebo que toda a história que me acabaram de contar, não passa de uma balela. Jamais alguém juntaria Doritos com mayonaisse.
Abraços.

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